23.10.05
Joana, a nossa Juliette Greco
Confesso que gostava muito desta época, quando nos reuníamos no Salão Azul da Biblioteca Municipal do pequeno município de Lagos Profundos. Fumávamos de quando em vez Gauloises que havíamos furtado da mala do filósofo Camus.
Albert, como Joana Aguiar ainda o chamava anos depois, não gostara do Brasil. Detestara mais ainda Porto Alegre. Mas babou nas coxas grossas de Joana por cinco ou seis minutos. Em seguida, suspirou exausto e se foi deitar. E foi quando Joana, então com seus 17 anos, descobriu que as coisas ganham as proporções a que lhes atribuímos. Os cinco ou seis minutos de baba fizeram dela a nossa musa do niilismo, uma Juliette Greco morena, de coxas grossas e pouco peito, mas com narizinho arrebitado, que a Camus pode ter parecido francês, mas que pra nós, e nós sabíamos disso, era puro Monteiro Lobato.